domingo, 17 de fevereiro de 2008

O Início do Estágio

Certo dia, depois de longas e exaustivas etapas do processo seletivo da indústria química multinacional, recebi um telefonema: “Marcelo, tenho a honra de dizer que você agora é um funcionário de nossa empresa, foi aprovado e contratado”.

Eu não sabia o que falar, estava pasmo! Eu me recordo que estava em minha república estudantil, na cidade de Itajubá-MG, junto com alguns amigos. Comemoramos bastante a vitória, e eu estava certo que meu futuro "estava garantindo"!

Porém, esse seria somente o início de minha vida profissional. Depois de um mês de férias (transição universidade-empresa), começaram as mudanças.

Fui morar na cidade de São Paulo, capital econômica do Brasil. Tive que comprar diversas roupas (afinal, eu teria que trabalhar com roupas sociais), praticamente um armário novo.

O primeiro dia é sempre “tenso”. Local novo, pessoas novas, trabalho novo, roupa nova! Tudo é novo, e você é o centro das atenções, o que exige postura e modos adequados!

Eu me recordo até hoje do primeiro dia de trabalho: fui apresentado a todos da empresa, um a um. Todos me cumprimentaram, desejaram boa sorte e foram extremamente gentis.

Essa é uma prática comum entre todos os departamentos de Recursos Humanos das empresas, a integração de um novo funcionário. Além dessa integração, houve também a integração junto aos outros estagiários da empresa, em que nos apresentamos e passamos uma manhã toda juntos.

No início, é vital que você procure conhecer o maior número possível de pessoas e também aprender ao máximo a respeito de seu departamento, atividades diárias e inter-relações com as outras áreas. Essa visão global é de extrema importância para o entendimento do funcionamento da empresa, e sua função dentro dela.

Acredito que esse entendimento global é algo feito somente em poucas empresas, o que é um erro. Um estagiário, no início de sua carreira profissional, precisa se motivar e entender a sua importância dentro da organização. Os líderes são os responsáveis por orientar e motivar seus estagiários, o que também não acontece na maioria dos casos.

Depois de conhecer todos de meu departamento, foi iniciado o trabalho. Fiquei uma semana estudando todos os arquivos, planilhas, apostilas e folders deixados pelo último estagiário (que por sinal era uma pessoa muito organizada!). Foi um trabalho de aprendizado, me senti na universidade. Eu sabia que deveria aprender ao máximo, pois a cobrança seria alta.

Logo na primeira semana, diversas pessoas me convidavam para almoçar, para que pudéssemos nos conhecer e conversar. Esse foi um erro que cometi na multinacional: eu recusei diversos convites! Alguns deles recusei por falta de tempo. Outros vários foram em função de eu ser “pão duro”: eu não queria gastar muito dinheiro com almoço, preferia economizar e comprar algum livro, alguma roupa que eu gostasse. Esse foi um erro que cometi, e reconheço hoje em dia.

A mente de um estagiário é algo extremamente complexo: você ganha pouco, quer economizar, mas muitos te chamam para eventos que você não tem o dinheiro suficiente. Você fica confuso, recusa, depois é “taxado” como “anti-social” por algumas pessoas, e fica sempre nessa indecisão financeira.

Eu me recordo até hoje de quando fui convidado a ir ao show da Banda U2, no Brasil em 2006. Era um show muito “badalado”, diversas pessoas da empresa iriam ao show, e eu fui convidado para o evento. Entretanto, o convite para o show custava cerca de R$200, uma quantia muito alta para um simples estagiário que morava fora de casa e gastava muito com aluguel, transporte, alimentação, etc. Enfim, mais uma vez deixei de participar do evento, perdendo a chance de estreitar as relações profissionais com outras pessoas da empresa.

Hoje em dia vejo que na verdade aquelas não eram despesas, mas sim investimentos, o que chamo de Networking Investments. Investimentos em relacionamentos profissionais, e em networking de alta qualidade, visto que essas mesmas pessoas poderiam vir a me contratar (ou não) no futuro.

A dica é: Procure fazer o maior número possível de contatos no início de seu período de estágio (e mantê-los ao longo da carreira). Não recuse convites para almoços, happy-hours, comemorações e eventos – nessas ocasiões é que estreitam os relacionamentos profissionais (Networking Investments).

2 comentários:

Denão! disse...

Olá Marcelo! Gostaria de parabenizá-lo pela sua iniciativa e colaborar com as experiências advindas de estágio.

O meu início de estágio está sendo agora, e ainda estou um pouco longe de me formar. Eu também faço Administração na UNIFEI e percebo a importância que está sendo o estágio no "ganho" acadêmico.

Digo "ganho" pois os fatos que ocorrem no dia a dia da empresa estão intimamente ligados com aquilo que a gente aprende na faculdade e ás vezes a gente não faz idéia de como o aprendizado é importante.

Foi o que aconteceu comigo, antes de entrar no estágio eu não tinha uma "Visão Gerencial" de como era organizada uma grande empresa. Contudo, no decorrer do estágio, sinto que entendo as disciplinas com maior facilidade.

Não que eu recomenda que comece o estágio prematuramente (eu comecei no final do 2º ano). Pois isso acarreta muitas consequências positivas e negativas. E já que meu estágio é em tempo integral, sinto o esforço necessário para que a vida acadêmica e corporativa tenham um certo equilíbrio.

Quanto ao estágio, ele é realizado em uma multinacional de componentes de motores de Itajubá.
Paga-se bem, (é integral!) e no meu caso, a vaga é de estágio na área administrativa de Produção.

No decorrer do processo seletivo, me ficava perguntando: com o que, um estagiário do 2º ano de Administração iria trabalhar? A resposta chegou no segundo dia de trabalho (já que o primeiro é totalmente dedicado á Integração): um outro estagiario mais experiente me passou as tarefas a ser realizadas.

Para a minha tristeza, as tarefas eram mecânicas e envolviam a organização do escritório e atualização de planilhas. Ou seja, meu cargo é, na prática, um assistente-secretário do meu setor.

Na empolgação do primeiro dia, a gente nem para muito para pensar, mas depois, bate "aquele" desânimo da rotina. Eu eu já estava prevendo isso quando, repentinamente, me chamaram para uma reunião.

Caí de pára-quedas na reunião. Não estava informado sobre nada que estava sendo discutido (não tive tempo para buscar informações... era meu primeiro dia!) e fiquei "boiando".

Contudo, o "chair" da reunião agendou um treinamento e foi daí que apareceu a primeira luz: TPM.

"Total Productive Management" - durante o treinamento, ele me passou o conceito daquilo que estava sendo implantado no meu setor. Este programa ainda não está totalmente aplicado no meu setor e já fui "matutando" em idéias que poderiam ser úteis no programa.

Mas daí, dá-lhe! Outra tristeza, as tarefas originalmente atribuídas a mim era de atualizar pastas no chão de fábrica! E dou-lhe mais Excel...

Pra ser sincero, eu não me conformei com aquilo. Contudo, não deixei de realizar as tarefas de estagiário-secretário. Tinha que deixar bem claro que eles poderiam confiar em mim em pequenas tarefas, para depois, pouco a pouco, correr atrás de outras coisas que agregam conhecimento e habilidades.

E foi isso que aconteceu! O projeto enfrenta problemas. Pois as informações geradas pelo programa não são valorizadas. E isso abriu espaço para as minhas "investidas".

Hoje, meu setor enfrenta uma grande pressão pela demanda de produção, e qualquer problema no com o chão de fábrica envolve as máquinas (na maioria das vezes) só que as máquinas estão no Programa de TPM que participo! Entenderam até onde isso pode chegar?

Chegou que cheguei a conclusão que a comunicação está falha e eu poderia colaborar com melhorias no chão de fábrica.

A liderança ás vezes está tão ocupada com os "incêndios" que ocorrem que não dá tempo para ouvir as próprias pessoas que produzem...

Aproveito essa brecha e ouço o que o pessoal tem a dizer. Com isso, consigo informações inéditas e acerelo a velocidade de reposta a diversos problemas ocorridos. E.. como sou o "secretário" do setor, eu tenho acesso privilegiado a diversos tipos de informação(desde produção até Custos), o que colabora para oferecer informações confiáveis.


Agora, estou no 3º mês de estágio e ganhei confiança da liderança para coordenar um projeto de confiabilidade no sistema de coleta de refugo. Que está planejado para primeiramente, implantar no meu setor e logo para toda a planta.(Se tudo correr como planejado).

Tenho bastante flexibilidade para realizar minhas tarefas e sinto a importância disso ao agregar ações que contribuam diretamente para o desempenho da empresa.

Portanto, se tiver liberdade para conversar e sugerir idéias para o ambiente de trabalho e o meio ter confiança em suas ações, fica mais fácil agregar valor a suas tarefas e o trabalho nunca se torna uma rotina mecânica, vazia e cansativa.

Desculpe por ter empolgado! De qualquer forma, tomara que minha pequena experiência colabore com as suas decisões!

Sucesso a todos!

Denis

Anônimo disse...

Grande Marcelão!!
Parabéns pela sua iniciativa, acredito realmente que todos que já passaram por esta vida de estagiário se indentificam muito com o que você nos diz. Se eu posso contribuir com este seu blog, o que posso dizer que o Networking é de fato muito importante nos dias de hoje, então a minha sugestão é muito semelhante à sua: participar dos eventos da empresa e ser gentil com os seus compahneiros de trabalho (mesmo que inicialmente eles não te dêem muita atençao) é uma das "chaves" para o desenvolvimento profissional.
Um grande abraço.