domingo, 17 de fevereiro de 2008

Aprendizado vs. Dinheiro

Durante toda a universidade, grande parte dos estudantes tem um grande sonho: fica rico o mais rápido possível após a formatura! Dessa maneira, buscam as “melhores oportunidades” de mercado, baseando-se no salário para avaliar a qualidade destas.

Entretanto, se esquecem que ainda não possuem “bagagem profissional” suficiente, e muitas vezes deixam de aprender em função de alguns benefícios oferecidos em outras empresas.

Eu me recordo claramente que, na multinacional, diversos estagiários haviam sido selecionados para outras empresas, de menor porte e que ofereciam uma imensa chance de aprendizado. Porém, decidiram ir para a grande empresa devido ao “vale refeição” que era oferecido, cerca de R$350 / mês.

Hoje eu me pergunto: será que o aprendizado profissional vale menos que R$350? Será que esses profissionais, em início de carreira, não estavam sendo iludidos por muito pouco? A resposta é: “it depends”!

Na verdade, tudo depende das oportunidades e do momento em que você se encontra. Um profissional de 45 anos de idade, com família e filhos, não pode se dar ao luxo de buscar um emprego onde possa aprender ao invés de ganhar mais dinheiro, devido ao estágio da vida em que se encontra.

Entretanto, um profissional que ainda está na universidade, ou recém formado, pode tranqüilamente se arriscar e apostar em empresas de médio e pequeno porte com foco no aprendizado. Mas tome cuidado: busque uma solução adequada, não “pague para trabalhar”!

Eu me recordo até hoje da proposta que me foi feita: trabalhar em São Paulo para ganhar um salário de, no máximo, R$400,00 (o que não era suficiente para cobrir o aluguel da república onde morava). A proposta (que posso chamar de “indecente”), era para trabalhar em um escritório de uma empresa de consultoria de planos de negócios, de um professor de Empreendedorismo renomado no Brasil. Eu havia entrado em contato com ele para saber se existia alguma oportunidade, visto que eu me interesso muito pela área de empreendedorismo.

Fui convidado a conhecer seu escritório, na Avenida Angélica, em São Paulo, região nobre da cidade. Porém, a proposta não era tão animadora assim, e ao deixar claro que o salário seria baixo, recusei prontamente. Recusei, pois eu não teria condições de “pagar para trabalhar” e também, pois eu não tinha o perfil para o trabalho.

Porém, como tudo é questão de perfil, um grande amigo meu (sócio durante a universidade em diversos empreendimentos) se interessou pela oportunidade, e tinha condições de se manter em São Paulo. Sendo assim, foi convidado a trabalhar na consultoria, e hoje é sócio do consultor de Empreendedorismo (e está no caminho para se tornar consultor também).

Esse é um caso “extremo”, mas que ilustra bem a questão do aprendizado X dinheiro. Esse grande amigo meu aproveitou a oportunidade, arriscou e tem tudo para ser uma pessoa de sucesso. Talvez, se tivesse optado por trabalhar em uma grande empresa, diversas qualidades estariam “abafadas” e ele poderia não estar em uma situação tão boa.

Outro caso interessante ocorreu comigo: eu estava na multinacional francesa, e fui convidado a ir trabalhar na rede de franquias de médio porte. A diferença: eu iria ganhar quase que a metade do salário da multinacional, e iria gastar cerca de 3:00h / dia dentro de ônibus e metrô para me deslocar ao local de trabalho. Depois de pensar, analisar e conversar com diversos “conselheiros”, tomei a decisão de aceitar a proposta.

Hoje em dia não tenho dúvidas de que foi a melhor decisão que tomei ao longo do ano de 2006: aumentei drasticamente minha rede de contatos, aprendi muito com a diversidade de tarefas, e o mais importante, aprendi diversos aspectos importantes para a sustentabilidade de qualquer empresa. Pretendo aplicar todo o conhecimento adquirido em minha própria empresa no futuro.

Tudo é uma questão de pensamento de curto prazo e longo prazo. Sem dúvida alguma, trabalhar em uma empresa de médio porte buscando o aprendizado é uma opção ruim ao curto prazo (considerando a questão financeira), mas se estiver alinhada com seus planos futuros, pode ser a melhor em longo prazo.

A dica é: pense no longo prazo, não se esquecendo da importância do curto prazo. Não se iluda por dinheiro, mas também não pague para trabalhar: busque uma solução adequada para você e para a empresa.

Nenhum comentário: