domingo, 17 de fevereiro de 2008

Introdução

“Ah, como era péssima a vida de estagiário”. Essa é uma expressão muito comum entre os profissionais da atualidade, e foi pensando em reverter esse quase “ditado popular” que decidi escrever esse Book-Blog.

Na verdade, esse o Book-Blog Vida de Estagiário nada mais é que uma descrição de situações e experiência vividas por diversos profissionais ao longo do período universitário e, principalmente, ao longo da vida de estagiário. São exemplos de que a “vida de estagiário” não é tão ruim quanto parece, e que podemos aproveitá-la de modo a desenvolver nosso potencial humano.

Ao final de cada postagem será apresentada uma dica, de modo a expressar a essência de cada uma delas. São apresentadas diversas dicas de como selecionar uma empresa para estagiar, de como proceder durante as etapas do processo seletivo e no dia-a-dia de seu trabalho.

Procure ler esse blog fazendo uma auto-reflexão, analisando seus pontos positivos e negativos. Busque também observar as oportunidades que existem em sua vida (posso garantir que são várias!) e pense na melhor maneira de explorá-las.

Ah, e não se esqueça do mais importante: coloque em PRÁTICA o que achar que vale a pena! Essa é uma virtude que todos possuímos, entretanto poucos a utilizam. Transforme as idéias em ações, e busque sempre o melhor!

Você também pode contribuir com cada um dos capítulos: deixe seu comentário com seus conselhos e recomendações para que estes sejam adicionados ao Livro Virtual.


VISÃO
Ser o mais completo Guia Profissional para estudantes do Brasil!

MISSÃO
Consolidar experiências e conselhos profissionais em um ambiente virtual para que possam ser disseminados gratuitamente a estudantes de todo o Brasil.

Contribua com seus comentários e tenha uma boa leitura!

A Universidade

“Não caia na tentação de aceitar limites confortáveis. Não aceite levar uma vida medíocre”.

Dizem que o período universitário é o melhor dentre todos ao longo da vida. Concordo plenamente e acredito que seja também uma ótima oportunidade para desenvolvimento do potencial humano.

A universidade nada mais é do que um local para que cada ser humano descubra suas forças e fraquezas. Dessa maneira, esse é um período de reflexões baseadas em erros e acertos cometidos no dia-a-dia.

Acredito que a pessoa que, ao longo da universidade, se limita a assistir às aulas, fazer os trabalhos e as provas, está perdendo uma excelente oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.

Durante todo o período universitário, sempre procurei ir além, buscar atividades que complementassem a teoria apresentada pelos professores durante as aulas. Isso demandava tempo e esforço, mas posso garantir que valeu a pena.

Tive a oportunidade de trabalhar com diversas pessoas, aprender muito na prática com os mais experientes e contribuir para o desenvolvimento da Universidade em que estudei. Algumas das atividades extras que desenvolvi ao longo do período universitário:

- Iniciação Científica (Motivação Intrínseca - Taylor)

- Monitoria do Laboratório de Língua Inglesa Schlumberger

- Première Empreendimentos: Guia da Cidade, Kit Bixo, Brindes.

- Iniciação Científica – Bolsa FAPEMIG (Análise Estratégica de Empresas – Marketing)

- Première – Excelência em Empreendedorismo: Cursos de Empreendedorismo, Seminários de Empreendedorismo (SEMPRE), Consultoria RHER, Concurso de Plano de Negócios.

- AIESEC – Fundação, Traineeship.

Através das atividades extracurriculares que desenvolvi ao longo do período universitário, tive a oportunidade de errar, acertar, ser derrotado e vencer! Foram inúmeras experiências de fracassos e sucessos, que garantiram meu desenvolvimento humano e profissional.

Além disso, essas atividades extras foram meu diferencial em diversas etapas dos processos seletivos, assunto que trataremos posteriormente.

Aproveite o período universitário para desenvolver projetos, testar suas habilidades, criar sua rede de relacionamentos e desenvolver seu potencial. Os recém formados geralmente reclamam que são rejeitados em empresas devido à falta de experiência profissional. Discordo plenamente desse tipo de argumento, pois temos a oportunidade de desenvolvimento profissional ao longo da universidade.

Tudo depende da motivação de cada um a buscar projetos que tenham afinidade. As empresas juniores são excelentes oportunidades que muitos estudantes desperdiçam ao longo da universidade. Porém, esta não é a única oportunidade. Busque a diversidade, procure avaliar todas as opções de atividades extracurriculares oferecidas por sua universidade.

E lembre-se: não se acomode! Se a universidade não possui projetos que você se interesse, crie, empreenda! Enquanto universitário, você possui portas abertas para o desenvolvimento de negócios e projetos, contando com a ajuda e consultoria de seus professores. Se você possuí uma idéia de negócio, empreenda, coloque-a em prática!

A dica é: se esforce além do necessário e sempre busque um diferencial. Procure conversar com professores a respeito de idéias, seja curioso, procure projetos que estejam alinhados com seu perfil e interesse, seja empreendedor. Crie oportunidade, inove, estabeleça redes de contatos e, principalmente, nunca desanime diante de um obstáculo: esse é o principal segredo dos empreendedores de sucesso! Eu me lembro de uma frase dita por um empreendedor brasileiro de sucesso: “A diferença entre o sucesso e o fracasso está em uma tentativa a mais”.

Escolhendo a Empresa

“Faça escolhas ao invés de ser escolhido”.
Escolher uma empresa para realizar seu estágio é um assunto de extrema importância. Como o próprio nome diz, o “estágio” é um período de sua vida profissional de extrema relevância. É durante esse período que você vai poder colocar em prática toda a teoria apresentada pelos professores.

A empresa que você irá realizar seu estágio pode ser decisiva para o fracasso ou sucesso desse estágio de sua vida profissional. Trabalhar em uma empresa que não valorize as atitudes e iniciativas dos estagiários, provavelmente será um péssimo local para a realização dessa transição da vida acadêmica para a vida profissional.

Eu me recordo claramente da época em que precisávamos buscar uma empresa para realizar o estágio de conclusão de curso: foi uma época muito turbulenta! Talvez pela preocupação exacerbada que sempre foi apresentada pela "Turma Butantã" ao longo de todo o período universitário.

Todos estavam preocupados com o fato de nossa universidade estar localizada no interior de Minas Gerais, e estarmos procurando um estágio na capital do estado de São Paulo. O preconceito existia, posso afirmar isso com convicção. Mas esse preconceito vai sendo quebrado aos poucos, à medida que excelentes profissionais da UNIFEI (ex-EFEI) se destacam no mercado.

Diante da preocupação e insegurança de toda a turma, foi aberta a "Temporada de Caça a Vagas de Estágio". Gastamos uma boa quantidade de horas a procura de vagas, preenchendo formulários de inscrição, enviando e-mails e telefonando para nossos contatos profissionais. Eu me lembro que fiz uma lista das empresas para qual havia enviado meu currículo: ao todo, foram mais de 80 empresas! Isso mesmo, mais de 80 empresas da cidade de São Paulo receberam meu currículo ao final do ano de 2005.

Isso mostrou claramente a falta de orientação que tivemos, além da falta de auto-conhecimento.

Esquecemos de nossos sonhos, que eram claros durante todo o curso de graduação. A garota que queria ser uma excelente profissional da área de Finanças havia se candidatado a vaga de estagiária de Recursos Humanos de uma multinacional. O amigo que queria trabalhar na área de Marketing Estratégico havia de candidatado a área de Sistemas de Informações de uma empresa de informática.

Os sonhos individuais foram distorcidos em função do status, benefícios e sensação de segurança oferecidos por empresas de grande porte e multinacionais. Essas decisões tomadas cegamente tiveram reflexos ao longo do período de estágio de diversos amigos, incluindo o meu próprio estágio.

Ao final do ano de 2005, eu havia sido selecionado para a última fase de alguns processos seletivos. Porém, um deles se destacava entre os demais: eu havia sido selecionado entre 16.000 candidatos a vaga de estágio na área de Gestão Econômica de uma multinacional francesa da área química. Essa processo seletivo durou 6 meses, contou com 7 etapas e foi o mais estressante de toda a minha vida profissional.

Sendo assim, quando tive a notícia de que havia sido selecionado prontamente me apresentei na empresa e assinei o contrato. Estava muito feliz, assim como toda minha família, amigos, namorada, cachorros...! Entretanto, ficou a dúvida: será que não era melhor ter explorado melhor as outras opções?

Essas outras opções foram frutos de minhas atividades extracurriculares desenvolvidas ao longo do período universitário. Um consultor da área de Empreendedorismo havia me convidado para trabalhar em seu escritório. Um empreendedor de sucesso havia me chamado para integrar sua equipe sendo responsável pela área de Marketing de sua empresa. Enfim, outras oportunidades existiam, mas acabei optando pela multinacional francesa, que iria me garantir satisfação, estabilidade e excelentes benefícios!

Depois de cinco meses de estágio nessa prometida "super-empresa", percebi que nem tudo eram flores. Falta de estrutura organizacional interna, ausência de líderes exemplares e constantes mudanças sem explicações mostraram que a empresa dos sonhos não era tudo aquilo que aparentava ser. Foi nessa empresa que aprendi o lado “ruim” de ser estagiário, de não ter liberdade para exposição de opiniões e ser constantemente limitado por ações dos superiores. Enfim, foi uma experiência de extrema relevância para minha formação profissional, que nunca vou me esquecer.

Hoje em dia sei que a decisão que tomei de aceitar prontamente a oportunidade da empresa multinacional foi errônea. Na verdade, descobri um método excelente para tomada desse tipo de decisão nas aulas de Marketing: Segmentação.

Uma empresa pode identificar as bases de segmentação de seus clientes da seguinte maneira: separa-los por gênero, raça, idade, sexo. Enfim, existem inúmeras bases de segmentação, que podemos trazer para o mundo dos estagiários.

Por exemplo: você está disposto a mudar de cidade para realizar seu estágio? Você gostaria de trabalhar em uma empresa de grande, médio ou pequeno porte? Você gostaria de trabalhar em uma empresa de qual setor? (Com certeza você tem afinidade por alguma área específica ou setor. Por exemplo, gosto muito de carros e quero priorizar empresas da área automotiva).

Para que você possa definir a base de segmentação, é preciso que você realmente se conheça. Porém, essa é outra dificuldade encontrada pelos jovens da atualidade. Eu nunca havia parado para pensar na questão da importância do auto-conhecimento até ser selecionado para participar do Programa de Desenvolvimento de Jovens Talentos do Instituto CEO do Futuro (ICF).

O ICF (http://www.icf.org.br/) é uma organização sem fins lucrativos, que promove programas de coaching a jovens universitários. Diversas lições foram de extrema relevância para a minha formação, porém uma delas se destacou: a descoberta de sua Missão de Vida. Para que você vive? Qual a sua missão de vida? Assim como toda empresa, todo o ser humano deveria estabelecer sua missão e visão de vida, sustentada por seus valores. Para isso, é necessária uma profunda reflexão, sendo uma questão estratégica para o desenvolvimento de seu plano de vida, para 5, 10 e 15 anos.

Já com seu plano de vida em mãos, fica muito mais fácil tomar a decisão em relação a quais empresas possam ser interessantes pra estagiar. Procure fazer essa reflexão, descobrir seus valores e escolher as empresas utilizando as bases de segmentação mais adequadas para você.

Depois de cinco meses estagiando na multinacional dos sonhos, fiz essa reflexão pessoal para encontrar minha missão de vida. O susto: eu estava indo totalmente contra meus valores, era preciso uma grande mudança! Foi nesse momento que tomei a decisão de sair do estágio da multinacional.

No mês em que tomei a decisão de sair da multinacional, entrei em contato com um empreendedor de sucesso, um de meus contatos obtidos ao longo da universidade através de um evento que coordenei no ano de 2004. Fui convidado a estruturar o departamento de Marketing da empresa, um projeto desafiador e que estava totalmente alinhado com meu plano de vida. Foi a melhor decisão que tomei no ano de 2006!

A dica é: seja estratégico, faça escolhas ao invés de ser escolhido! Defina suas bases de segmentação e busque empresas que estejam alinhadas com seu plano de vida! Nunca mais me esqueci de uma frase que o Eduardo Bom Ângelo me disse nesse período de decisão: “As melhores escolhas são as que fazemos!”.

O Processo Seletivo

Agora que você escolheu as empresas que se enquadram com seu perfil e plano de vida, é iniciado o processo seletivo para escolha dos estagiários.

Geralmente, essa é a etapa que mais apavora os estudantes, gerando um clima de tensão, misturado com insegurança e ansiedade.

Com a alta taxa de desemprego apresentado em nosso país atualmente, não é difícil encontrar processos seletivos de estagiários que iniciam com cerca de 10.000 candidatos. Eu passei por essa situação no processo seletivo de uma Multinacional Indústria Química Francesa, que iniciou com 16.000 inscritos.

Primeiramente, tive que cadastrar meu currículo completo no website da empresa de recrutamento e seleção. Depois de alguns dias, recebi a mensagem de que eu havia sido selecionado para a realização da prova de inglês (prova presencial). Fui até o local de prova, juntamente com quatro amigos da Universidade, e fizemos a prova. Foi uma longa bateria de testes, não havia muito tempo para pensar.

Passada essa etapa, fui convocado para a dinâmica de grupo dentro da empresa de recrutamento e seleção. Foi uma manhã repleta de atividades em grupos e apresentações individuais. Mais uma vez, fui aprovado.

A próxima etapa foi uma entrevista individual com uma psicóloga da empresa de recrutamento, que durou cerca de uma hora e meia. A entrevista não passou de um bate-papo sobre minha vida pessoal e profissional, além de planos de vida e aspirações profissionais.

Depois dessa etapa, fui convocado para participar de um painel dentro da empresa, junto com os gestores da indústria química. Cada um dos candidatos teve que estruturar uma apresentação a respeito da vida pessoal e profissional. Novamente, passamos uma manhã na empresa realizando atividades em equipe e apresentações individuais.

Fui aprovado na etapa, e passei, finalmente, para a última etapa do processo: a entrevista final. Foi uma breve entrevista com alguns gestores que se identificaram com meu perfil. Foi cerca de uma hora de entrevista com cada gestor, sendo que fui testado diversas vezes durante essas entrevistas. Em uma delas (para a vaga que fui aprovado), tive que fazer um exercício em Excel, para provar habilidades de matemática e utilização do software, visto que era uma oportunidade para a área financeira.

Foram seis etapas que duraram exatamente seis meses, um período de total ansiedade. Além de participar do processo seletivo dessa empresa, eu (e grande parte de minha turma) estava participando de diversos outros processos, que tomaram uma boa quantidade de dinheiro e de tempo.

Esse período foi muito estressante, a incerteza era constante bem como a ansiedade. Sempre que havia uma etapa do processo, eu me preparava mentalmente, procurando mentalizar o que se passaria nas dinâmicas, e quais seriam minhas reações. Acredito que a preparação é de extrema importância, não só nesse momento, mas em tudo na vida. O treino é essencial (pergunte ao técnico Bernardinho!).

Além da preparação mental, é preciso também conhecer “o terreno onde se está pisando”. Procure a maior quantidade de informações a respeito da empresa para a qual você se candidatou, esteja preparado para perguntas a respeito e o principal: utilize essas informações durante as atividades em equipe. Isso mostra que você realmente está interessado, e buscou saber mais a respeito da empresa.

O comportamento durante as etapas também é um grande diferencial. Procure ser uma pessoa amistosa, que conversa com todos e sempre de bom humor, as psicólogas adoram! Você não iria contratar para sua empresa uma pessoa entediada, sempre de mal-humor, iria?

Grandes empresas são feitas de pessoas gentis, que se cumprimentam todas as manhãs, mesmo que estejam de mal-humor e não gostem de você! Esse é o "teatro diário" de várias empresas do mercado, promovido e fomentado pela alta diretoria em parceria com o departamento de Recursos Humanos.

“Tudo é uma questão de perfil”. Quem nunca ouviu essa frase de uma psicóloga se referindo ao motivo da reprovação de certo candidato a vaga. Será que o perfil de uma pessoa pode ser realmente avaliado em curtas etapas do processo seletivo? Será que no dia-a-dia o indivíduo irá se comportar da mesma maneira que se comportou durante o processo seletivo? Ainda tenho minhas dúvidas!

Será que não é possível criar um estereótipo de acordo com o perfil requerido pela empresa?

Essa é uma tática que realmente funciona. Antes de participar de um processo seletivo, procure saber mais a respeito da missão, visão, princípios e políticas da empresa. Analise quais os comportamentos e atitudes valorizados por elas, e tenha foco neles ao longo das etapas do processo seletivo!

Ah, outro detalhe importante: suas roupas! Isso mesmo, procure sempre estar bem vestido, isso faz uma enorme diferença. Uma pessoa bem arrumada se destaca dentre os demais, chamando a atenção dos recrutadores. Mas cuidado: exceções sempre existem! Por isso, procure saber a respeito da empresa antes do processo seletivo.

Um Caminho mais Curto: O Poder do Networking


Além de ter participado de diversos processos seletivos durante meu período de estagiário, também tive a oportunidade de sentir o “poder do networking”, benefícios e desvantagens deste.
Depois de quatro meses trabalhando na multinacional francesa, cheguei a conclusão de que aquele “não era meu lugar”. Primeiramente, por estar desalinhado com meu plano e missão de vida. Além disso, eu não estava me desenvolvendo profissionalmente: as atividades eram mecânicas e não agregavam muito, além de sofrer diversas “retaliações” dos superiores. Acredito que um dos poucos benefícios adquiridos foi a habilidade de trabalhar com o software Excel. Ao final dos cinco meses, eu estava “craque”, sabia fazer muita coisa que poucos haviam aprendido.

Entretanto, aprender a trabalhar com o Excel não era meu objetivo profissional. Eu queria mais, estabelecer uma ampla rede de contatos e me desenvolver para no futuro ser dono de meu próprio negócio.

Sendo assim, tomei a decisão de não me acomodar (afinal o salário era excelente para um estagiário) e ir atrás de uma opção que agregasse mais. Primeiramente, busquei regatar todos os contatos que eu havia feito durante a universidade, principalmente os que eu havia conseguido através da organização de alguns Seminários de Empreendedorismo.

Você já ouviu aquela frase: “Quando temos um objetivo, todo o universo conspira a nossa favor”? Pois então, isso aconteceu, de maneira inusitada!

Ao final do curso de Administração da UNIFEI, temos que criar um Plano de Negócios para apresentar junto à banca de professores e convidados. A minha equipe, ainda não havia tomado a decisão de qual idéia iríamos desenvolver: campo de paintball, lava-rápido de cachorros ou consultoria para consultórios médicos.

Uma das idéias que tive foi apresentar as opções a algum empreendedor de sucesso e analisar a opinião dele. O empreendedor que escolhi foi um dos palestrantes do Seminário de Empreendedorismo, que morava em São Paulo e tinha a disponibilidade de me auxiliar: Lito Rodriguez, da DryWash.

Marcamos um jantar para conversar sobre o assunto e “colocar as conversas em dia”. Durante o jantar, ele expressou sua opinião em relação à idéia que mais lhe agradava (campo de paintball), e começamos a conversar sobre a DryWash.

Durante a conversa, ele me questionou a respeito do andamento de meu estágio na multinacional. Eu expliquei a ele a situação que eu me encontrava e ele me propôs o seguinte: estruturar o departamento de Marketing da DryWash. A princípio, me pareceu um enorme desafio (que de fato foi), mas aceitei a proposta (depois de um mês de negociação e entrevistas com diretores). Além disso, tive que desenvolver um plano de ação completo descrevendo todas as minhas atividades dentro da empresa, além de estipular um custo para esse projeto (no caso, meu salário).

Porém, eu sabia que o início na DryWash seria uma tarefa em complicada. Eu teria que fazer um esforço dobrado para mostrar meu valor junto aos outros funcionários, pois eu seria rotulado como sendo o “amigo do dono”.

Essa é a grande diferença de trabalhar em uma empresa de médio porte: liberdade para expor suas idéias (e colocá-las em prática), processos seletivos mais curtos e objetivos, oportunidades diversificadas de desenvolvimento profissional.

A dica é: se empenhe ao máximo em todas as etapas do processo seletivo, seja diferente, mostre seu valor, sorria sempre! Perpetue sua rede de relacionamentos, não perca seus contatos pessoais e profissionais e nunca feche as portas quando sair de uma empresa. Não se acomode diante da insatisfação, aja, tome uma atitude para mudar sua vida!

O Início do Estágio

Certo dia, depois de longas e exaustivas etapas do processo seletivo da indústria química multinacional, recebi um telefonema: “Marcelo, tenho a honra de dizer que você agora é um funcionário de nossa empresa, foi aprovado e contratado”.

Eu não sabia o que falar, estava pasmo! Eu me recordo que estava em minha república estudantil, na cidade de Itajubá-MG, junto com alguns amigos. Comemoramos bastante a vitória, e eu estava certo que meu futuro "estava garantindo"!

Porém, esse seria somente o início de minha vida profissional. Depois de um mês de férias (transição universidade-empresa), começaram as mudanças.

Fui morar na cidade de São Paulo, capital econômica do Brasil. Tive que comprar diversas roupas (afinal, eu teria que trabalhar com roupas sociais), praticamente um armário novo.

O primeiro dia é sempre “tenso”. Local novo, pessoas novas, trabalho novo, roupa nova! Tudo é novo, e você é o centro das atenções, o que exige postura e modos adequados!

Eu me recordo até hoje do primeiro dia de trabalho: fui apresentado a todos da empresa, um a um. Todos me cumprimentaram, desejaram boa sorte e foram extremamente gentis.

Essa é uma prática comum entre todos os departamentos de Recursos Humanos das empresas, a integração de um novo funcionário. Além dessa integração, houve também a integração junto aos outros estagiários da empresa, em que nos apresentamos e passamos uma manhã toda juntos.

No início, é vital que você procure conhecer o maior número possível de pessoas e também aprender ao máximo a respeito de seu departamento, atividades diárias e inter-relações com as outras áreas. Essa visão global é de extrema importância para o entendimento do funcionamento da empresa, e sua função dentro dela.

Acredito que esse entendimento global é algo feito somente em poucas empresas, o que é um erro. Um estagiário, no início de sua carreira profissional, precisa se motivar e entender a sua importância dentro da organização. Os líderes são os responsáveis por orientar e motivar seus estagiários, o que também não acontece na maioria dos casos.

Depois de conhecer todos de meu departamento, foi iniciado o trabalho. Fiquei uma semana estudando todos os arquivos, planilhas, apostilas e folders deixados pelo último estagiário (que por sinal era uma pessoa muito organizada!). Foi um trabalho de aprendizado, me senti na universidade. Eu sabia que deveria aprender ao máximo, pois a cobrança seria alta.

Logo na primeira semana, diversas pessoas me convidavam para almoçar, para que pudéssemos nos conhecer e conversar. Esse foi um erro que cometi na multinacional: eu recusei diversos convites! Alguns deles recusei por falta de tempo. Outros vários foram em função de eu ser “pão duro”: eu não queria gastar muito dinheiro com almoço, preferia economizar e comprar algum livro, alguma roupa que eu gostasse. Esse foi um erro que cometi, e reconheço hoje em dia.

A mente de um estagiário é algo extremamente complexo: você ganha pouco, quer economizar, mas muitos te chamam para eventos que você não tem o dinheiro suficiente. Você fica confuso, recusa, depois é “taxado” como “anti-social” por algumas pessoas, e fica sempre nessa indecisão financeira.

Eu me recordo até hoje de quando fui convidado a ir ao show da Banda U2, no Brasil em 2006. Era um show muito “badalado”, diversas pessoas da empresa iriam ao show, e eu fui convidado para o evento. Entretanto, o convite para o show custava cerca de R$200, uma quantia muito alta para um simples estagiário que morava fora de casa e gastava muito com aluguel, transporte, alimentação, etc. Enfim, mais uma vez deixei de participar do evento, perdendo a chance de estreitar as relações profissionais com outras pessoas da empresa.

Hoje em dia vejo que na verdade aquelas não eram despesas, mas sim investimentos, o que chamo de Networking Investments. Investimentos em relacionamentos profissionais, e em networking de alta qualidade, visto que essas mesmas pessoas poderiam vir a me contratar (ou não) no futuro.

A dica é: Procure fazer o maior número possível de contatos no início de seu período de estágio (e mantê-los ao longo da carreira). Não recuse convites para almoços, happy-hours, comemorações e eventos – nessas ocasiões é que estreitam os relacionamentos profissionais (Networking Investments).

Aprendizado vs. Dinheiro

Durante toda a universidade, grande parte dos estudantes tem um grande sonho: fica rico o mais rápido possível após a formatura! Dessa maneira, buscam as “melhores oportunidades” de mercado, baseando-se no salário para avaliar a qualidade destas.

Entretanto, se esquecem que ainda não possuem “bagagem profissional” suficiente, e muitas vezes deixam de aprender em função de alguns benefícios oferecidos em outras empresas.

Eu me recordo claramente que, na multinacional, diversos estagiários haviam sido selecionados para outras empresas, de menor porte e que ofereciam uma imensa chance de aprendizado. Porém, decidiram ir para a grande empresa devido ao “vale refeição” que era oferecido, cerca de R$350 / mês.

Hoje eu me pergunto: será que o aprendizado profissional vale menos que R$350? Será que esses profissionais, em início de carreira, não estavam sendo iludidos por muito pouco? A resposta é: “it depends”!

Na verdade, tudo depende das oportunidades e do momento em que você se encontra. Um profissional de 45 anos de idade, com família e filhos, não pode se dar ao luxo de buscar um emprego onde possa aprender ao invés de ganhar mais dinheiro, devido ao estágio da vida em que se encontra.

Entretanto, um profissional que ainda está na universidade, ou recém formado, pode tranqüilamente se arriscar e apostar em empresas de médio e pequeno porte com foco no aprendizado. Mas tome cuidado: busque uma solução adequada, não “pague para trabalhar”!

Eu me recordo até hoje da proposta que me foi feita: trabalhar em São Paulo para ganhar um salário de, no máximo, R$400,00 (o que não era suficiente para cobrir o aluguel da república onde morava). A proposta (que posso chamar de “indecente”), era para trabalhar em um escritório de uma empresa de consultoria de planos de negócios, de um professor de Empreendedorismo renomado no Brasil. Eu havia entrado em contato com ele para saber se existia alguma oportunidade, visto que eu me interesso muito pela área de empreendedorismo.

Fui convidado a conhecer seu escritório, na Avenida Angélica, em São Paulo, região nobre da cidade. Porém, a proposta não era tão animadora assim, e ao deixar claro que o salário seria baixo, recusei prontamente. Recusei, pois eu não teria condições de “pagar para trabalhar” e também, pois eu não tinha o perfil para o trabalho.

Porém, como tudo é questão de perfil, um grande amigo meu (sócio durante a universidade em diversos empreendimentos) se interessou pela oportunidade, e tinha condições de se manter em São Paulo. Sendo assim, foi convidado a trabalhar na consultoria, e hoje é sócio do consultor de Empreendedorismo (e está no caminho para se tornar consultor também).

Esse é um caso “extremo”, mas que ilustra bem a questão do aprendizado X dinheiro. Esse grande amigo meu aproveitou a oportunidade, arriscou e tem tudo para ser uma pessoa de sucesso. Talvez, se tivesse optado por trabalhar em uma grande empresa, diversas qualidades estariam “abafadas” e ele poderia não estar em uma situação tão boa.

Outro caso interessante ocorreu comigo: eu estava na multinacional francesa, e fui convidado a ir trabalhar na rede de franquias de médio porte. A diferença: eu iria ganhar quase que a metade do salário da multinacional, e iria gastar cerca de 3:00h / dia dentro de ônibus e metrô para me deslocar ao local de trabalho. Depois de pensar, analisar e conversar com diversos “conselheiros”, tomei a decisão de aceitar a proposta.

Hoje em dia não tenho dúvidas de que foi a melhor decisão que tomei ao longo do ano de 2006: aumentei drasticamente minha rede de contatos, aprendi muito com a diversidade de tarefas, e o mais importante, aprendi diversos aspectos importantes para a sustentabilidade de qualquer empresa. Pretendo aplicar todo o conhecimento adquirido em minha própria empresa no futuro.

Tudo é uma questão de pensamento de curto prazo e longo prazo. Sem dúvida alguma, trabalhar em uma empresa de médio porte buscando o aprendizado é uma opção ruim ao curto prazo (considerando a questão financeira), mas se estiver alinhada com seus planos futuros, pode ser a melhor em longo prazo.

A dica é: pense no longo prazo, não se esquecendo da importância do curto prazo. Não se iluda por dinheiro, mas também não pague para trabalhar: busque uma solução adequada para você e para a empresa.

Empreendedorismo Corporativo

A primeira vez que ouvi falar a respeito de Intra-Empreendedorismo (ou Empreendedorismo Corporativo) foi no ano de 2003, durante a palestra do Eduardo Bom Ângelo, atualmente o presidente da Brasilprev e grande intra-empreendedor do Brasil.

Lembro-me até hoje de sua palestra, que tratava a respeito das características dos empreendedores corporativos, sendo que o grande diferencial destes é a atitude empreendedora.
Alguns anos depois, acabei conhecendo outro expoente brasileiro na área de Empreendedorismo: Marcos Hashimoto. Conheci ele durante uma palestra também, por sinal muito prática e ilustrativa.

Na verdade, o empreendedor corporativo nada mais é que uma pessoa que se destaca na empresa devido a algumas características apresentadas no dia-a-dia, como a criatividade, disposição para correr riscos, inovação, enfim, são diversas as características que se resumem em atitude empreendedora.

Eu me recordo até hoje do exemplo de empreendedor corporativo citado pela Eduardo Bom Ângelo durante sua palestra. Tratava-se da copeira da empresa. Isso mesmo, uma simples copeira também pode ser uma intra-empreendedora! Ela se destacou na empresa, pois apesar da origem humilde, aprendeu a servir café durante as reuniões sendo discreta, e o mais impressionante: em vários idiomas! Ela aprendeu a dizer algumas palavras como “coffee”, “sugar”, “milk”, entre outras, o que impressionava bastante os sócios internacionais da empresa que Eduardo Bom Ângelo presidia.

Ainda, ela criou um website na intranet da empresa com diversas receitas de cafés, chás, comidas, bolos e doces, o que foi um sucesso dentro da empresa! Isso é um simples exemplo de atitude empreendedora, um exemplo de pessoa que vai além e não se limita às suas atividades diárias, sendo altamente competitiva no mercado de trabalho.

Sendo assim, durante meu período de estágio, comecei a analisar onde que eu poderia desenvolver meu lado empreendedor, de forma a me desenvolver e auxiliar a empresa.

Logo no início do estágio na multinacional francesa, percebi uma imensa dificuldade em entender todos os processos pelo qual eu seria responsável, a quem deveria me reportar, qual o funcionamento da empresa, enfim, diversos detalhes que fazem a diferença no dia-a-dia de qualquer funcionário.

Sendo assim, busquei desenvolver algum “sistema” ou “método” que fosse prático e simples, para que o próximo estagiário pudesse entender e não perder tanto tempo “costurando” informações. Dessa maneira, decidi que iria criar o “Manual do Estagiário”.

Nesse manual, eu registrava todos os processos, passo a passo, a importância deste para a organização, a quem deveria reportar os resultados, enfim, era um manual bem completo. Desenvolvi o manual ao longo dos cinco meses que estagiei na empresa, sendo que ao final do período ele contava com mais de 80 páginas, um verdadeiro livro!

Felizmente, tive a notícia de que o manual foi muito bem utilizado pelo estagiário que assumiu minha posição quando deixei a empresa, o que me deixou feliz e com a sensação de “missão cumprida” !

Essa foi somente uma das várias melhorias que detectei ao longo do período de estágio, e tenho certeza que diversos outros estagiários detectaram necessidades, porém preferiram “deixar como está” e não se preocupar.

Já na DryWash o empreendedorismo corporativo era presente no dia-a-dia, constantemente. Era preciso desenvolver planilhas, criar processos, resolver conflitos, fazer apresentações, ouvir vendedores, enfim, durante todo o dia era preciso muita habilidade para lidar com todas as atribuições da “área de Marketing” da empresa. Por isso, reforço mais uma vez: estagiar em empresas de pequeno e médio porte é muito mais proveitoso e tende a desenvolver muito mais os indivíduos que têm “sede” de aprender.

A dica é: Empreenda, tenha Atitude Empreendedora! Busque melhorar seu dia-a-dia, encontre oportunidades e, o mais importante: coloque suas idéias em prática! Não deixe o “conformismo” e “comodismo” tomarem conta de você, busque sempre se destacar de alguma maneira honesta, mostrando o seu potencial e diferencial!

Considerações Finais

Ao longo desse blog, procurei expor diversas situações que passei ao longo de minha vida como estagiário, deixando algumas dicas valiosas para quem está entrando no mercado de trabalho.

Esse blog está longe de ser um “manual do sucesso”, são apenas sugestões e uma visão de quem já experimentou diversas oportunidades ao longo da vida.

Entre todas as mensagens, acredito que a principal seja a relacionada a definição de sua missão e visão de vida. Somente após você ter esses conceitos muito claros, você poderá criar seus caminhos (escolher e não ser escolhido) e tomar as melhores decisões para você.

Não perca a oportunidade de se desenvolver ao máximo durante o período universitário, tome muito cuidado ao escolher a empresa que irá estagiar, procure aprender ao máximo enquanto é jovem e tenha atitudes empreendedoras durante sua vida.

O período de estágio é de suma importância para seu sucesso profissional, por isso não se acomode, busque sempre a melhor opção para você e procure aprender e se desenvolver ao máximo! Seja capaz de usar da melhor forma possível seu potencial, a fim de alcançar seus objetivos!

Durante toda a minha universitária e profissional me baseei em uma frase que marcou vários momentos de minha vida. Deixo essa mensagem final e desejo muito SUCESSO a todos vocês!

Só para não perder o costume:

A dica é: Não caia na tentação de aceitar limites confortáveis! Não aceite levar uma vida medíocre!